segunda-feira, 7 de junho de 2010

BIONETES - Capítulo I

Em um futuro não muito distante uma corporação que faz investimentos em bio tecnologia inicia uma pesquisa secreta com clones. Seu objetivo é criar humanos mais fortes, resistentes a doenças e mais inteligente a partir de clonagem. Para isso utilizavam uma tecnologia denominada neurochips para aumentar a capacidade cerebral, tornando a comunicação entre os neurônios mais ágil e eficiente.
Após anos de experiências, apesar da legislação do país ainda não permitir, os cientistas criaram os primeiros clones humanos. Perfeitos esteticamente, saudáveis, os clones se desenvolviam na clandestinidade. Eram mantidos em ambiente que simulador do útero materno, imersos em substância similar ao líquido amniótico, de onde tiravam os nutrientes necessários a sua sobrevivência.
Porém, apesar de gozarem de excelente saúde, os clones nunca haviam aberto seus olhos! Os cientistas simplesmente não conseguiam animá-los. Viviam numa espécie de coma profundo.
O cientista chefe do laboratório, o senhor Estênio Vaz, detentor de grande experiencia na área de biotecnologia e computação, estava determinado a dar “vida” aos clones e para isso intensificou e expandiu as pesquisas com os neurochips. Resolveu utilizá-los para enviar impulsos nervosos de seres humanos normais diretamente para os neurônios dos clones. Para isso criou uma máquina que conectava uma pessoa normal ao a um clone, e fazia com o primeiro emitisse ao outro pensamentos, sentimentos, estímulos de todo tipo. Chamou esta incrível máquina de Neurotron. E com ela obteve resultados surpreendentes. Verificou que os clones respondiam aos pensamentos das pessoas conectadas a eles através do Neurotron. Quando essas pessoas que emitiam os comandos, chamadas de emissores, tinham pensamentos agradáveis, de alegria, podia-se ver nos clones semblantes alegres, sorrisos! Assim ocorria com os outros pensamentos e sentimentos, quando tristes, os clones tinham lágrimas nos olhos. Até que um deles começou a mexer a cabeça em sinal afirmativo quando assim sugeriu seu emissor. Os resultados foram devidamente registrados e apresentados aos donos da corporação, investidores e um grupo seleto e secreto de interessados que enxergaram grandes possibilidades em tal descoberta. Aquele poderia ser um avanço gigantesco no tratamento de diversas doenças degenerativas. As pesquisas no campo terapêutico, foram então ampliadas. E logo testes estavam sendo feitos em pessoas doentes, pessoas ricas portadoras de doenças terríveis, que já haviam gastado fortunas em tratamentos diversos, estavam obtendo melhoras impressionantes com o Neurotron.
Com isso, com o tempo as pesquisas com os clones foram sendo deixados em segundo plano. E a corporação se interessava cada vez menos pelos clones adormecidos. O único motivo de ainda estarem ali era pela vontade de doutor Estênio. O descobridor do grande avanço da medicina, não abria mão dos clones. Dividia seu tempo entre os dois projetos. De dia doenças degenerativas e à noite os clones.
Uma noite, fazendo testes, conectado ao Neurotron e a um clone, em sua poltrona acabou adormecendo. Horas depois acordou, sentindo faltar-lhe o ar, sem abir olhos levantou num sobressalto e sentiu a cabeça bater fortemente em algo que lembrava vidro. Quis gritar de dor mas quando abriu a boca esta se encheu de um líquido viscoso. Abriu os olhos e viu que se encontrava submerso neste líquido. Desesperou-se, não podia mais segurar a respiração e inspirou o líquido pelo nariz. Teve a certeza de afogar-se mas não! O líquido preencheu- lhe o corpo e os pulmões como o ar. Uma sensação assustadora mas não totalmente nova, pois sabia o que era a tal substância. Já havia realizado testes com ela, era a mesma onde eram mantidos adormecidos os clones. Também era usada por mergulhadores de grandes profundidas para que suportem a pressão do fundo do mar, onde com cilindros estourariam se chegassem. O Doutor achou que estava sonhando, esforçou-se para acordar daquele sonho desagradável. Ele ali preso, nu, exatamente como um de seus clones. Colocou as mãos na cúpula que o envolvia e forço-a para que se rompesse e o libertasse. Reparou nas mãos em frente aos olhos, as mãos que usava para forçar o vidro, aquelas, apesar de senti-las e comandá-las, não eras as mãos dele! Olhou para baixo e também não reconheceu o corpo que ali estava. Ou melhor, não o reconheceu como dele, mas como sendo o corpo do clone conectado a si, através no Neurotron, naquela noite. Olhou para fora para ver se via alguém que pudesse ajudá-lo e viu um senhor grisalho, com algo metálico em sua cabeça. Este senhor dormia em sua poltrona e vestia suas roupas.

Quando Ricardo, cientista auxiliar do Doutor Estenio, entrou no laboratório quase teve um desmaio ao ver um o clone se debatendo, com os olhos arregalados, tentando gritar dentro da cúpula de testes. Viu o doutor Estenio dormindo, quis acordá-lo, gritou por ele enquanto se dirigia a cúpula, mas este não lhe atendeu. Ricardo correu para o computador e acionou o comando que abria a cúpula. O clone escorregou para fora dela. O jovem cientista aproximou-se do espécime nu que se debatia sobre a mesa, e o envolveu em uma toalha. Ia buscar um medicamento para acalmá-lo, quando ouviu de sua boca pálida e murcha, entre tosses, os primeiros sons. Balbucias, monossílabos e depois as palavras: - Ricardo, me ajuda! Sou eu, Estenio. Me acorda!

2 comentários:

  1. Impressionante. Vc se menospreza mocinha, bela narrativa, com apuro e cuidados com os detalhes.
    Quando teremos continuação?
    Já aguardo ansioso.
    Estou realmente impressionado.
    :-)

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  2. Nossa, realmente muito bom, passarei a frequentar assiduamente este blog. Estou doido pra ler a continuação.
    Heigberg Almirante das Forças Terrestres, ou vulgo Leandro Parejo do blog saia da masmorra.

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